Olga Chramko: “Com as vitórias estou feliz, mas o trabalho continua”
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Créditos: Direitos Reservados. Medalha de ouro brilha no corpo de Olga. |
Triunfo, resiliência e gratidão
Num dos palcos mais simbólicos
do ténis de mesa veterano, Olga Chramko inscreveu o seu nome na galeria
dos campeões europeus com uma vitória no escalão WS45 que é mais do que um
título: é o reflexo de uma vida de dedicação, disciplina e paixão por este
desporto.
Aos 48 anos, a atleta portuguesa de
origem russa brilhou no Campeonato da Europa de Veteranos, realizado entre 16 e
21 de junho de 2025, na cidade sérvia de Novi Sad. Além do ouro em singulares,
a mãe de Irina Silva, também internacional portuguesa jovem, arrebatou o bronze
na prova de pares, ao lado de Paula Penedo.
“Estou feliz, porque ganhei este
título no Campeonato da Europa de Veteranos. Foi uma excelente experiência com
grande dimensão”,
afirmou Olga, com a serenidade de quem conhece a importância do caminho, não
somente da meta.
Entre a vitória e o recomeço!
Campeã nacional individual de
seniores por quatro vezes — 2016, 2018, 2020 e 2024 — Olga tem feito da
constância o seu maior trunfo. O mais recente título europeu soma-se a uma
carreira marcada por resiliência e capacidade de superação. Questionada sobre o
sabor da vitória, respondeu com uma humildade que é sua marca:
“Com as vitórias estou feliz e satisfeita. Mas no dia seguinte começo trabalho de novo.”
Neste equilíbrio entre a euforia e a
realidade, Olga mostra-se fiel ao espírito do atleta completo: aquele
que não se acomoda, que valoriza cada conquista, mas sabe que a evolução não
conhece descanso.
A maturidade como trunfo
Numa competição que contou com mais
de dois mil participantes oriundos de toda a Europa, em categorias que vão dos
40 aos 90+, Olga venceu na categoria 45–49. Fez da maturidade aliada,
desafiando o desgaste físico com inteligência de jogo e leitura tática.
“Tento lidar bem com as derrotas. Em Portugal, as pessoas costumam dizer: ‘O que não mata, fortalece’…”
Essa frase popular, dita com
simplicidade, resume a filosofia com que a atleta enfrenta os altos e baixos da
competição. É também o retrato de quem já aprendeu a transformar falhas em
força.
Um percurso de gratidão
Mas Olga não se esquece de
quem caminha com ela. No final da competição, dedicou o título aos que sempre
estiveram presentes, tanto nos bons momentos como nos difíceis:
“Queria dedicar esta vitória à minha família, amigos, colegas e treinadores de Portugal e da Rússia, que me auxiliaram na preparação, e também ao nosso lindo grupo dos Veteranos que me apoiaram no Campeonato na Sérvia. Agradeço a todos”
A gratidão, essa forma silenciosa de reconhecimento, tem sido constante no seu discurso. Para Olga, a vitória é partilhada — porque a jornada nunca é solitária
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Créditos: Direitos Reservados. Olga e Paula sempre juntas na Sérvia. |
Ponta do Pargo: raízes e futuro
A ligação ao clube ADC Ponta do Pargo,
da Madeira, que disputa a I Divisão feminina, mantém-se firme. Questionada
sobre o futuro imediato, a resposta foi clara:
“Sim, vou continuar com o Ponta do
Pargo.”
A continuidade é símbolo de lealdade,
mas também de um desejo genuíno de continuar a competir ao mais alto nível. E
esse é o objetivo: manter a qualidade, mesmo com o tempo a passar.
“Queria continuar a jogar com bom nível. Vamos ver se consigo.”
Em cada palavra, em português
correto, transparece a consciência de que nada está garantido. E é precisamente
essa humildade que reforça a grandeza da atleta.
Novi Sad: uma cidade que ficou no coração
Organizado no emblemático Multiusos de
Novi Sad, o Campeonato da Europa de Veteranos reuniu milhares de jogadores em ambiente
festivo, com diversas mesas de competição instaladas, zonas de aquecimento e
convívio. A cidade, banhada pelo Danúbio, ofereceu um cenário perfeito para
celebrar não só o desporto, mas também os valores da amizade, respeito e
superação.
A participação portuguesa teve uma
expressão significativa, com destaque para o grupo coeso de veteranos que
partilharam bancadas, almoços, jantares e emoções. No meio de tudo isso, Olga
destacou-se — mas nunca se separou. Fez da vitória uma celebração coletiva,
numa demonstração de empatia que a define tanto quanto o seu serviço certeiro
ou a defesa implacável.
A poesia da vitória e do esforço
E assim, entre o ritmo ritmado da
bola a bailar na mesa, com efeito, e sem rotações, e o silêncio atento das bancadas,
escreve-se uma história de suor e de sonhos, onde cada ponto conquistado é mais
que uma vitória: é um verso na poesia do esforço humano.
Olga, com a calma das águas profundas,
mostra que o ténis de mesa é mais do que jogo — é dança, é arte, é paixão que
resiste ao tempo. A sua jornada é feita de movimentos defensivos precisos e
pausas pensadas, tal como a vida que escolheu abraçar.
No eco das palmas, ressoa a verdade
simples de que o êxito se constrói na constância, no cair e levantar sem medo,
na coragem de continuar mesmo quando o corpo reclama.
E nesta festa do espírito veterano, onde a idade é só um número e o coração bate forte, cada medalha é um troféu da alma. Porque, no fim, vencer é continuar a querer jogar, a querer sentir, a querer ser.
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