Paris despede-se de Portugal com um sussurro de terra batida
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Créditos: ATP Tour. Borges afastado em pares e participação lusitana encerrada em Roland Garros. |
Borges despede-se de Roland Garros nos oitavos
Chegou ao fim, com a serenidade de uma manhã parisiense, a caminhada portuguesa em Roland Garros 2025. Nuno Borges, último nome luso ainda em prova, despediu-se esta segunda-feira do Grand Slam francês com uma derrota nos oitavos de final da variante de pares. Ao lado do francês Arthur Rinderknech, com quem dividiu o campo e o sonho, o maiato caiu frente à poderosa dupla britânica Joe Salisbury e Neal Skupski, oitavos cabeças de série, por 7-6 (5) e 6-4.
Uma estreia adiada, um encontro reencontrado
Era a primeira vez que o Lidador jogava
pares em Roland Garros, o único Major onde ainda não tinha tocado a variante —
um capítulo que ficou por escrever na temporada anterior devido a uma lesão
insólita de Rinderknech, que num gesto de frustração pontapeou um banco e
retirou-se antes mesmo de o par ganhar vida.
Desta vez, juntos enfim, venceram as
duas primeiras rondas com firmeza e emoção, e voltaram a mostrar harmonia e
coragem frente a um dos pares mais experientes do circuito. Mas o ténis, como a
memória, guarda-se nos pormenores.
Equilíbrio em forma de tiebreak
O primeiro ‘set’ foi uma dança precisa de serviços certeiros e devoluções cuidadosas. Chegou ao tiebreak com a mesma naturalidade com que o barro se entranha no tecido. Borges e Rinderknech quebraram logo à primeira troca, mas a resposta britânica chegou no instante seguinte. Tudo se decidiu no ponto a 5-5: uma hipótese de ‘set’ point que se evaporou como névoa ao sol, e com ela o minibreak que desequilibrou o parcial.
Um detalhe que virou o destino
O segundo ‘set’ começou com os únicos
dois breaks points enfrentados por Borges e Rinderknech em todo o encontro.
Escaparam ao primeiro, mas ao segundo cederam — e com ele a vantagem que
Salisbury e Skupski, frios e sólidos, jamais largaram. Houve um breve vislumbre
de resposta no 3-2, com um 15-30, mas os britânicos fecharam portas com
sabedoria de quem já viveu muito nestes palcos.
Um adeus com sabor a futuro
Assim terminou a presença portuguesa
no pó de tijolo de Paris. Para além dos pares, Nuno Borges ainda se destacou na
terceira ronda de singulares — um feito partilhado com Henrique Rocha, que
também brilhou em terra estrangeira. Jaime Faria e Francisco Cabral, por sua
vez, sentiram a dureza das estreias, despedindo-se nas primeiras rondas.
Roland Garros apaga agora as marcas
das passadas portuguesas, mas cada grão de terra guardará, em silêncio, a
memória de uma geração que caminha com a leveza da promessa e o peso da
vontade. E, como em tudo no ténis, o regresso é apenas uma questão de tempo e
fé.
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